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PALESTRAS E ENCONTROS

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

COMO JESUS LÊ A BÍBLIA



UM MOMENTO DE CONFUSÃO
Você conhece a história de Emaús? Leia em Lc 24,13-24 e descubra: quem são os personagens? Qual a imagem que os discípulos tinham de Jesus? Qual era o motivo da desilusão?
Na época de Jesus, o povo estava se sentindo muito abandonado. Muitos esperavam que Deus ouvisse seu clamor e viesse chamar o povo para uma nova Aliança.
Apareceu Jesus, que contava parábolas, curava doentes, expulsava demônios. Os poderosos se sentiam fracos e questionados perto de Jesus. Os humildes se sentiam corajosos ao lado dele. Muitos se tornaram discípulos.
Não seria ele o libertador esperado em Israel? Por causa dessa suspeita, os poderosos condenaram Jesus à cruz, como faziam com todos os seus adversários.
A cruz causou uma enorme desilusão nos discípulos. Pensavam que ele fosse um profeta, o libertador de Israel! Como continuar com o Reino de Deus se podiam acabar na cruz com Jesus? Tudo parecia perdido...

UM MOMENTO DE REFLEXÃO
Agora, vamos ler Lc 24,25-27. Como Jesus leu a Bíblia?
A história do povo da Bíblia ajudava a entender o mistério da cruz. Mas, para entender isso, era preciso encontrar a mensagem central.
Quando Jesus leu a Bíblia “começando por Moisés e continuando por todos os profetas”, fez uma leitura global da Bíblia Olhou o conjunto e tirou o principal da história.
Ele também “explicava as passagens da Escritura que falavam a respeito dele”. Isto é, selecionou textos que clareavam a cegueira dos discípulos naquele momento.
Jesus uniu as duas formas de ler:
· a leitura global, fiel a mensagem central;
· e a leitura de textos selecionados para aquele momento.
Fez como a abelha, que descobre o campo florido e vai de flor em flor em busca do néctar:
A Bíblia é este campo. Temos que ir de texto em texto para saborear a Palavra.

O MOMENTO DA DESCOBERTA
Leia Lc 24,28-35 e reflita:
· Como o partir do pão abriu os olhos dos discípulos?
· No fim da história, para onde os discípulos foram?
Por que mudaram de idéia?
Naquela época, comer com um pecador ou impuro fazia a gente se tornar pecador, também. Po isso, só os “perfeitos” eram acolhidos. Os pobres, estrangeiros, doentes e pecadores eram desprezados.
Jesus “fingiu que ia mais adiante” para provocar uma atitude de acolhida por parte dos discípulos. E eles não decepcionaram! Acolheram aquele estranho sem medo de comer com ele.
Quando Jesus partiu o pão na frente deles, tudo passou a fazer sentido. Clareou a cegueira e eles viram que Jesus estava vivo! Só quem acreditava no projeto do Reino e partilhava o pão com um estranho era capaz de enxergar o Ressuscitado.
Não adiantava só falar dos problemas sem pensar na solução. Nem só ler a Bíblia sem ligá-la com a vida.
A gente descobre o Ressuscitado quando aceita a cruz e continua o projeto do Reino, partilhando o pão sem desanimar.

A PEDAGOGIA BÍBLICA DE JESUS
A história dos discípulos de Emaús é um manual para os catequistas de ontem e de hoje. Ela nos ensina a ler a Bíblia a partir da realidade dos catequizandos.
Vamos ver passo a passo a pedagogia bíblica de Jesus:
PRIMEIRO PASSO: A CONVIVÊNCIA.
Caminhar com os catequizandos. Jesus não chega com arrogância, criticando ou elogiando seus discípulos. Simplesmente caminha ao lado, acompanhando o ritmo dos passos deles e observando.
Ouvir os catequizandos. Depois de caminhar com eles um bom tempo, Jesus entra na conversa. Não impõe um assunto seu, simplesmente entra no assunto deles, ouvindo com toda a atenção.
SEGUNDO PASSO: A PALAVRA
Questionar os catequizandos. Quando fica bem ao par da conversa, Jesus da seu parecer. Apresenta com firmeza seu ponto de vista, sempre a partir das Escrituras. Seu objetivo não é defender idéias, mas sim clarear o caminho dos discípulos para que encontrem a Vida. Ele não deixa os discípulos perdidos na escuridão.
TERCEIRO PASSO: A MISSÃO
Provocar os catequizandos. Jesus faz uma catequese dinâmica e interativa. Não só fala a respeito das Escrituras, como também provoca os discípulos a agir de acordo com ela. Chama-os a praticar a solidariedade que a Bíblia ensina de ponta a ponta.
QUARTO PASSO: A PARTILHA
Partilhar o pão com os catequizandos. O pão partilhado seria para sempre o sinal da chegada do Reino. Partilhar é realizar a igualdade entre nós. A catequese de Jesus não para no anúncio da Palavra, mas concretiza essa Palavra no dia-a-dia dos discípulos.
Desaparecer. Jesus deixa os discípulos para que sigam seus caminhos. Também o catequista deve “desaparecer” qundo os catequizandos estão maduros para seguirem os próprios caminhos.

LENDO A BÍBLIA A PARTIR DA VIDA
Parece fácil ler a Bíblia partindo da realidade do catequizando. Mas não é fácil, não. Exige:
· caminhar com o catequizando, conhecer seu dia-a-dia;
· sentir na pele suas alegrias e tristezas;
· ouvir suas idéias, conversar com franqueza;
· saber quando apoiá-los e quando questioná-los;
· provocá-los para assumirem na vida os desafios da Palavra;
· partilhar com eles o pão da Palavra e da Eucaristia;
· devolver-lhes progressivamente a voz e a vez, na família, na comunidade e na sociedade.
Fonte: Folheto Ecoando 8 - formação interativa de catequistas - Editora Paulus

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

PROFECIA: PALAVRA DE DEUS NA VIDA


BOCA DE DEUS, BOCA DO POVO
A palavra profeta quer dizer “falar em nome de”. Na Bíblia, profeta é alguém que fala em nome de Deus (leiam Ez 3,10-11). O que quer dizer isso?
Os profetas são os porta-vozes de Javé, o Deus da Aliança. Eles comunicam ao povo o recado que Deus tem a dar nas mais diversas situações (Am 3,3-8). Também apresentam a Deus o recado do povo (Am 7,1-3). É boca do povo para Deus e boca de Deus para o povo!
Os profetas:
· falavam com Javé e transmitiam os recados Dele para o povo;
· eram videntes, curandeiros, lideres populares, poetas...
· conheciam profundamente a realidade presente, prevendo suas conseqüências futuras;
· questionavam e desmascaravam os poderosos;
· chamavam o povo de volta para a Aliança;
· denunciavam a injustiça e anunciavam a justiça de Javé.
Haviam profetas contratados pelos reis para orientar suas ações (2Sm 24,11; 2Rs 22,13-14). Outros eram pessoas simples que se entregavam à causa da verdade (Jr 1,4-8). Outros, ainda, faziam política partidária com o objetivo de melhorar a vida do povo (2Rs 9,1-4).
A mensagem profética tinham com elementos principais:
· palavras fortes e diretas;
· gestos simbólicos;
· entusiasmo e convicção;
· questionamentos profundos;
· convite à conversão.
Para os oprimidos, a mensagem profética era de consolo e encorajamento. Para os opressores, era bronca das fortes!

PROFETAS: AÇÃO EM COMUNIDADE
Os profetas se comprometiam com pessoas concretas: viúvas, órfãos, camponesas, sem-terra... gente que clamava dia e noite a Javé pedindo justiça.
Os profetas não agiam sozinhos. Animavam grupos proféticos que assumiam com eles o compromisso com os pobres, memorizavam as profecias e iam passando recado aos vizinhos, filhos e netos.
Certos grupos escreveram as profecias em livros que hoje estão na Bíblia. Outros não escreveram, ou os escritos foram perdidos. Muitos atuaram anonimamente.
Os grupos rezavam, refletiam e partiam para a ação. Em alguns casos, viviam como uma família, na mesma casa, liderados pelo profeta em pessoa (2Rs 6,1-3). Outros cultivavam a tradição dos profetas antigos, vividos em outras épocas. Foi o caso dos profetas Isaías e Jeremias.
Na Bíblia, há profecias de diferentes épocas. Foram escritas por grupos proféticos que refletiam sobre a realidade à luz das profecias antigas e descobriam os caminhos de Deus em meio à escuridão. As profecias antigas serviam de lanterna na estrada escura da vida. Os grupos proféticos achavam coisas surpreendentes com as lanternas. Foi assim que os primeiros cristãos descobriram, com a ajuda das profecias-lanternas, que Jesus era o Messias, o Filho do Deus vivo.

VERDADEIROS E FALSOS PROFETAS
Nm todos os profetas agiam de acordo com a vontade de Deus. Alguns “profetizavam” em nome de interesses próprios (Mq 3, 5-8). Eram os falsos profetas, que mentiam e defendiam os opressores usando o nome de Javé.
O povo hebreu havia saído do Egito, terra da opressão. Lá, o Faraó era o senhor que se apropriava do fruto do trabalho do povo. Na Terra Prometida, o povo teria o fruto de seu próprio trabalho> Não haveria nenhum Senhor além de Javé! Essa era a idéia central da Aliança.
Com o surgimento dos reis em Israel, o povo foi esquecendo o Êxodo e deixou de lado o projeto igualitário das tribos. Acabou construindo um “Egito” na Terra Prometida, fazendo da terra da liberdade uma terra de escravidão.
Reis, sacerdotes, magistrados, proprietários de terra e ricos usavam o nome de Javé para cometer toda espécie de injustiça e tomar o que era dos pobres (Am 5,10-12; Mq 2,8-9). Seus aliados eram falsos profetas. Estes justificavam a corrupção dos ricos e a miséria dos pobres como se fossem a vontade de Javé.
Os maiores adversários dos poderosos eram os verdadeiros profetas. Eles sabiam como abrir os olhos do povo e desmascaravam os injustos com a autoridade dada por Javé. Eram fiéis à verdade e à justiça, mesmo quando isso lhes trazia problemas (Jr 20,7-8).

A LUTA CONTRA A IDOLATRIA
A grande luta dos profetas foi a favor da Aliança e contra a idolatria. Vocês se lembram o que é Aliança? (Vejam o 5o. Encontro: Deus faz Aliança com o povo). E idolatria o que é?
Quando o povo abandonava a Aliança e praticava a injustiça, alimentando um sistema social injusto, estava fazendo o que a Bíblia chama de idolatria (2Rs 17,13-17). Estava abandonando o Deus vivo e indo atrás de “deuses” vazios.
Idolatria ou culto aos ídolos é se apoiar num Deus falso. É vender gato por lebre. O idólatra é como o consumidor que se ilude com a propaganda enganosa.
Idolatria não é trocar Javé , nome bíblico de Deus, por um outro nome. Mudar o rótulo não altera o conteúdo da garrafa. Podemos chamar Deus de Pai, Mãe, Senhor, Javé, Adonai, Alá...
O culto aos ídolos, na Bíblia, é cheio de conseqüências desastrosas. Os chefes do povo inventavam deuses que justificavam a injustiça e a violência.
Adorar ao Deus vivo levava a adotar o estilo de vida, proposto na Aliança: liberdade, igualdade, partilha. Trocar o Deus vivo por falsos deuses era adotar como estilo de vida a escravidão e a injustiça (Dt 5,6-7).
Os profetas combatiam a idolatria, inclusive quando ela se disfarçava de “culto a Javé” (Mq 3,9-12). Pois, muitos sacerdotes e falsos profetas usavam o nome de Javé para enganar o povo. Punham o rótulo “Javé” na garrafa, mas o conteúdo era falsificado!
Os profetas tinham que recordar ao povo o Êxodo e a Aliança, para que soubesse discernir qual era o projeto do Deus vivo e rejeitasse o projeto de morte escondido atrás do culto a Javé.

Fonte: Folheto Ecoando 7 - formação interativa de catequistas - Editora Paulus